“Descabida” e “sem fundamento”. Essa foi a avaliação do cientista político e professor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Antônio Henrique, sobre as falas do presidente Lula (PT) em relação ao Estado de Israel durante evento internacional na Etiópia. A declaração foi dada no programa Hora H, da Rede Mais Rádio, nesta segunda-feira (19).
O presidente da República comparou os ataques de Israel ao povo palestino, durante os conflitos com o grupo terrorista Hamas, com o holocausto da população judaica que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial. A fala revoltou o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu.
Antônio Henrique reforçou que o presidente Lula realizou um discurso mais comedido antes de realizar a comparação nesse último sábado (17). Quando o petista partiu pra improvisação, na opinião do professor, ele se excedeu e exagerou no comentário.
“Lembrando que essa declaração é descabida. Não existe fundamento. E isso irritou bastante o governo israelense, que requisitou de pronto que houvesse um pedido formal de desculpas”, disse o professor. “Lembrando que essa crise [com o Governo de Israel] é completamente desnecessária. O presidente poderia ter falado de forma genérica pela paz que estaria tudo em ordem.”, concluiu.
Depois da fala, Lula é o primeiro Chefe de Estado brasileiro a receber o título de “Persona Não Grata”, ou seja, uma pessoa que não é bem-vinda em Israel. Para Antônio Henrique, a situação desestabiliza diretamente a relação entre Brasil e Israel. Ele também reforçou que o país também possui pouquíssima influência internacional para alterar o curso dos conflitos no Oriente Médio.
“O Brasil tem mais uma atuação à nível regional, mas a nível global, ele ainda tem esses problemas, de converter recursos de poder, em mediações de conflitos e outros aspectos. A tendência é que isso fique restrito entre Brasil e Israel”, disse.
“O governo brasileiro está sendo muito ativo com relação a países pequenos, mas não está tendo o mesmo nível de vocalidade com países grandes ou que são alinhados ideologicamente. Apesar do governo defender direitos humanos e democracia, a gente não observa esse mesmo nível de comprometimento com outros países, como é o caso da Nicarágua”, concluiu.
Leonardo Abrantes – MaisPB